O conceito de valores não é algo novo. Todos nós já vimos cartazes que citam “trabalho em equipe” ou “lealdade” em muitos escritórios.

Porém, na maioria dos casos, os líderes e seus funcionários não são capazes de citar os valores da empresa, não sabem o que significa viver por eles e porquê eles são importantes, e não conseguem articular seus próprios valores pessoais.

Os valores formam uma parte importante da criação de uma linguagem comum entre sua equipe, construindo uma base sólida de compreensão. Essa base é muito necessária para desenvolver um ambiente onde as pessoas se sintam confortáveis, seguras e capazes de se concentrar nas próprias tarefas.

Antes de descartar o conceito de valores e a linguagem comum como um monte de coisas que não se relacionam com os negócios, considere que a pesquisa neurocientífica tem cada vez mais provas de que os nossos cérebros são sociais e a dor social é vivenciada de forma tão intensa e dolorosa quanto a dor física. A única diferença é que a dor social pode ser lembrada com mais intensidade do que a dor física. Quanto mais sensível uma pessoa é, mais forte é a sensação da experiência.

Se os membros da equipe estão sofrendo de dor social no local de trabalho, considere as consequências desses problema no bem-estar deles, bem como na harmonia da equipe e no desempenho dos negócios.

Para criar um local de trabalho que pode ir de um campo de batalha para sua visão planejada, veja alguns insights que podem ajudá-lo a entender melhor os fundamentos do comportamento humano e as possíveis razões para interrupções no ambiente de trabalho, bem com ferramentas e abordagens para melhorar o status quo:

1. Se nossos cérebros são cérebros sociais, como isso afeta o comportamento da equipe e o local de trabalho?

Os seres humanos têm uma necessidade fundamental de pertencer e são extremamente sensíveis ao seu contexto social. Nossos cérebros são programados para minimizar as ameaças e maximizar as recompensas. Portanto, somos naturalmente motivados a conquistar uma boa posição dentro dos nossos grupos sociais - incluindo a equipe de trabalho - e procuramos evitar a exclusão social

Existe um forte argumento de que considerar as respostas sociais e emocionais, bem como as necessidades dos outros, desempenha um papel importante em ajudar as pessoas a colaborar e compreender umas às outras.

Pensar que tarefas, KPIs e prazos são essenciais para ajudar sua equipe a ter um bom desempenho é algo ultrapassado.

Se os integrantes da sua equipe estão passando por uma situação de exclusão social, a dor causada resulta em respostas de luta, fuga e congelamento. De outro lado, tais respostas podem chegar a outros membros da equipe e, consequentemente, podem se sentir ameaçados.

Se você deseja identificar um ponto de partida para entender as principais áreas que podem fazer os membros da sua equipe se sentirem socialmente excluídos, confira o modelo SCARF. Esses cinco domínios podem influenciar uma ampla variedade de emoções humanas e o modelo pode ser usado para criar uma linguagem comum e melhorar a compreensão dos membros da sua equipe sobre o próprio comportamento e o dos outros.

2. Como os valores podem ajudar a criar uma linguagem comum e por que isso é útil?

Cada pessoa é diferente, sendo assim, vivenciamos e avaliamos uma situação de maneiras diferentes. O que pode parecer justo para um dos membros da sua equipe, pode não parecer justo aos olhos de outro - possivelmente desencadeando uma resposta emocional.

Enquanto a resposta emocional pode ser vista como injustificada pelos olhos de alguns, outros podem se concordar com ela. Isso se torna uma fonte de atrito que pode ser evitada.

Dedicar um tempo para articular os valores do negócio e da equipe ajuda a criar uma linguagem comum, desenvolvendo a compreensão e permitindo que os membros se sintam seguros.

Abaixo, veja o esboço de um workshop que pode ser compartilhado com a sua equipe para identificar os seus valores compartilhados:

Em uma sessão de revisão, peça à sua equipe para trazer imagens que reflitam cada valor.

Faça referência a esses valores nas reuniões e análises de desempenho.

3. E se o conceito de linguagem comum puder ser estendido para ajudar nas emoções?

Dado que cada cérebro é diferente e cada pessoa experimenta qualquer situação de maneira única, também há evidências de que nossas emoções são construídas por nosso cérebro. Lisa Feldman Barrett, Ph.D., neurocientista da Northeastern University, refuta a ideia de que as emoções são coisas que simplesmente acontecem conosco. Elas são aprendidas e construídas por nós e de maneira exclusiva para cada pessoa.

Tenho certeza de que todos nós sempre consideramos as emoções como uma das principais causas de disfunção e conflito em qualquer equipe. Se não há emoções definitivas, como criamos harmonia?

Um caminho útil é remover as histórias que os indivíduos associam às emoções, reduzindo o impacto da emoção individual construída anteriormente e definindo um rótulo comum nas emoções. Além de criar clareza, isso também envolve a função executiva no cérebro, reduzindo as respostas de luta, fuga e congelamento.

Considerações finais

Gerenciar e liderar equipes são atividades complexas e requer cuidado e esforço. Não devemos simplificar o trabalho através de descrições de cargos e avaliações de desempenho para impor um comportamento desejado.

Como líderes, precisamos impactar aqueles que lideramos e investir na compreensão dos membros da nossa equipe. Temos tantas oportunidades de causar um impacto positivo quanto o risco de impactar negativamente aqueles que confiam em nós.

Experimente algumas das ferramentas acima para criar um espaço seguro para ajudar sua equipe a prosperar.

Susanne Bransgrove é palestrante em eventos nacionais e internacionais, mais conhecida por sua paixão por simplificar as complexidades que existem entre equipes, especialmente em empresas familiares. Entre em contato com ela pelo e-mail sb@susannebransgrove.com.